MAR

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mar

metade de mim é mar

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desaguo sobre terra quente

em constante vai-e-vem

entre pedras me escondo

oculta, salgada, outrem

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agito navios que ousam

meus ventres desbravar

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sob ciclos lunares

desperto as ondas a balançar

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deslizo pelo litoral

para mergulhar-me em ilhas

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avanço pelo oceano

entre léguas e milhas

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sob escuras profundezas

recluso-me em ilusões

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como sirenes em pedras

atiço-te em canções

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a saliva que me escorre pungente

arde, sara, cura

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o branco que me permeia a crista

leva, traz, cuida

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em mim, a fauna e a flora

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a espuma da tormenta

que reside na calmaria

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a força da correnteza

que a superfície agita

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perco-me entre naufrágios

destruo-me em redemoinhos

ergo-me em tsunamis

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e afogo em ti meus pensamentos

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mar

metade de mim é mar

e a outra é maresia

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poema transbordado em 2016